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Biometria – seu corpo, sua senha

11 de abril de 2011

E fez que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, lhes fosse posto um sinal na mão direita, ou na fronte, para que ninguém pudesse comprar ou vender, senão aquele que tivesse o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome. Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis. (Apocalipse 13:16-18)

A chamada “marca da besta” é um dos tópicos bíblicos que mais causam especulação no meio evangélico. Por muitos anos, debate-se quando e como esta marca será implantada. Muitos entendem que esta marca será uma espécie de tatuagem ou estigma, semelhante às que recebiam os soldados, escravos e devotos dos deuses pagãos na época de João, autor de Apocalipse. A profecia não dá muitos detalhes sobre as circunstâncias e condições em que esta marca será imposta pelo sistema do Anticristo. Mas certamente sua aquisição implicará no martírio de cristãos ou na negação da fé em Cristo.

Alguns entendem que o código de barras, encontrado nos mais diversos produtos, traz o número 666 e que esta será a tatuagem impressa nas mãos e nas testas das pessoas. Mas, sem dúvida, um dos candidatos mais votados no meio evangélico para ser a marca da besta é a implantação do chip eletrônico sob a pele. Tal tecnologia já existe e é usada por pecuaristas para marcar seu gado. A tecnologia também já está disponível para o rastreamento de animais de estimação. Os proponentes do chip eletrônico alegam que esta tecnologia é capaz de proporcionar, além da identificação, o rastreamento do indivíduo “via satélite”. Na internet é possível encontrar sites fazendo campanha contra a implantação do microchip, apontando a companhia Mondex como a fabricante da tecnologia.

Mas o problema é que as Escrituras não dizem que a tecnologia incluirá alguma capacidade de rastreamento. A única coisa dita a respeito desta marca é a de que ela se tornará indispensável nas transações de compra e venda no governo do Anticristo. O demais é  somente especulação. Talvez no Brasil, assim como outros países que saíram de uma ditadura militar há pouco tempo, o pensamento de que um governo poderá controlar e monitorar seus cidadãos por meio de um chip eletrônico seja aceitável. Mas no Primeiro Mundo, onde as democracias já estão mais desenvolvidas, esta iniciativa seria considerada uma violação aberta às liberdades individuais.

Sim, é verdade que nos EUA, principalmente em um período pós 11 de setembro, há dispositivos legais que possibilitam às agências de segurança federais bisbilhotarem a vida dos cidadãos sem que ninguém perceba – em nome da segurança nacional. Mas, ainda vale o ditado que diz que o “aquilo que os olhos não vêem, o coração não sente.” O chip eletrônico seria considerado algo intrusivo, inaceitável e pouco provável em um contexto de Primeiro Mundo. Qualquer forma de controle nas democracias mais desenvolvidas deverá ser, obrigatoriamente, algo mais sutil, menos intrusivo e com uma boa causa que a justifique. Não poderá ser algo que “cheire” a controle do governo, mas que propocione algum benefício ao cidadão, como por exemplo, convenientemente substituir o papel moeda, senhas e cartões de crédito como “uma medida de segurança” contra a crescente máfia de roubo de identidade no mundo. Afinal, seus dados biométricos são únicos e não podem ser falsificados.

A biometria e o dia-a-dia

A fixação pelo chip eletrônico tem impedido a muitos de considerarem outras formas de tecnologias muito mais baratas, avançadas e menos intrusivas do que a implantação de um corpo estranho nas testas e nas mãos de bilhões de terráqueos. A biometria, por exemplo, é uma ciência que avança em ritmo acelerado em nossos dias, e ganha mais espaço em nossas vidas de forma sutil e despercebida para muitos. A coleta e o processamento de impressões digitais já é uma prática de pelo menos um século. Com o avanço da tecnologia, novos conceitos biométricos têm emergido e infiltrado nosso cotidiano.

Na academia em que sou membro, a admissão era condicional à apresentação de uma identificação acompanhada do cartão de membresia. Há dois meses atrás, isso virou coisa do passado. Basta colocar o dedo indicador em um escaner e, segundos depois, a mensagem “Enjoy your workout!” aparece na tela. A medida rendeu espaço nos noticiários por conta das repercussões entre cidadãos preocupados com sua privacidade.

Em 2005, a casa noturna e-muzik (São Paulo) já havia trocado os cartões de consumação pelas digitais dos freqüentadores. Os dedos, cadastrados na entrada da casa, eram registrados a cada vez que o freqüentador comprasse algo no bar – também equipado com leitores biométricos. Na hora de ir embora, ao apresentar a impressão digital, o sistema calculará toda a consumação do cliente. “Isso acaba com o problema de você perder o cartão de consumação e alguém usá-lo por você, que teria que pagar a conta”, diz Tathiana Cotait Terçarolli, então gerente administrativa da casa.

Biometria facial: aparelho reconhece detalhes de rostos das pessoas.

O Estadao publicou hoje uma reportagem a respeito da mais nova aquisição da Polícia Militar de São Paulo: são óculos especiais que ajudam a polícia a identificar “pessoas de interesse” (criminosos, pessoas desaparecidas ou procuradas pelas autoridades). Trata-se de uma câmera especial instalada nos óculos que capta a imagem das pessoas e as encaminha em tempo real para um banco de dados da polícia para identificá-las e determinar se se trata de uma “pessoa de interesse.” Caso isso ocorra, um pequeno quadrado vermelho aparecerá na lente da câmera e o PM poderá tomar as providências necessárias naquele momento.

“É algo discreto, porque você não interpela a pessoa, não pede documentos. O computador faz isso”, explica o major Leandro Pavani Agostini, do 2.º Batalhão de Choque. Para o oficial, erros não estão previstos no sistema de biometria facial – mesmo que a pessoa seja gêmea. “A olho nu são duas pessoas iguais, mas para os 46 mil pontos de semelhanças que aparecem, os dados não vão bater.” Normalmente, a capacidade de visão da câmera é de até 50 metros de distância. Dependendo do caso, no entanto, o sistema pode ser adaptado e chegar a até 20 quilômetros de distância. A PM informa que o equipamento será usado para o monitoramento do fluxo de pessoas em terminais de transporte (aeroporto, rodoviárias), em shows e jogos de futebol.

No Paquistão, no dia 2 de maio de 2011, os fuzileiros navais americanos do Team 6 valeram-se da mesma tecnologia para se certificar que o homem morto com um tiro na cabeça era Osama bin Laden, o inimigo número 1 dos EUA. Desenvolvido pela empresa americana L-1 Identity Solution, o dispositivo portátil do exército americano se chama Handheld Interagency Identity Detection Equipment (HIIDE, na sigla em inglês), de acordo com o site da revista americana Scientific American. É considerado o equipamento portátil mais avançado e completo para identificação de pessoas. O HIIDE é capaz de fazer leitura de íris, reconhecer digitais e realizar reconhecimento facial. Além disso, tem acesso ao banco de dados de suspeitos da inteligência americana. Com ele, os oficiais americanos podem saber, em campo, se uma pessoa é ou não procurada pelo governo. O kit foi utilizado para identificar o rosto de Osama bin Laden com 95% de precisão, de acordo com a rede americana MSNBC, o que é considerado um valor confiável.

Diante de tanta conveniência, escolas, empresas de plano de saúde, bancos e infinitas outras instituições no Brasil e no exterior já estudam a implementação de sistemas biométricos para a identificação de seus clientes.

O que é e como funciona a biometria

Segundo o dicionário “Michaelis”, biometria é a ciência da aplicação de métodos de estatística quantitativa a fatos biológicos. Apesar de carregar um discurso cheio de “tecnologuês”, o conceito é tão velho e básico quanto a capacidade do homem de distinguir seus semelhantes fisicamente. No caso da identificação biométrica, porém, delega-se a função de diferenciar a uma máquina.

A biometria parte do princípio de que certos traços físicos (como voz, formato do rosto, íris e digitais) são exclusivos de cada pessoa. Isto é, o desenho da sua íris não é igual ao de mais ninguém, assim como suas impressões digitais. Leitores e sensores biométricos, ligados a softwares que reconhecem e comparam padrões, coletam imagens da íris, retina, dedo, rosto, veias da mão, voz e até odores do corpo e transformam essa amostra em um padrão, que poderá ser comparado para futuras identificações. A técnica foca as chamadas “mensurações unívocas” do ser humano.

Aeroportos no exterior, como o de Londres, há muito tempo já utilizam a tecnologia de reconhecimento de rosto para identificar terroristas e suspeitos. O sistema é discreto: não são necessários leitores especiais, nem câmeras sofisticadas. Uma webcam já dá conta do recado. O processamento fica por conta do software, que analisa características chave do rosto (distância entre nariz e boca e linha dos olhos, por exemplo) e compara com a base de dados.

As aplicações dessas tecnologias, como se pode imaginar, são inúmeras. Mas as possibilidades de utilização da biometria são proporcionais a suas implicações éticas. A introdução cada vez mais acelerada da tecnologia no dia-a-dia suscita discussões acaloradas sobre vigilância da sociedade e restrição da privacidade dos cidadãos.

Conclusão

É, no mínimo, impressionante que João, sem saber o que era uma câmera ou um computador, foi capaz de profetizar algo muito semelhante às novas tecnologias de identificação biométricas que se concentram nas mãos e na cabeça. Entretanto, obviamente não podemos ser dogmáticos a respeito de algo que a Bíblia não afirma categoricamente. Assim, não estou afirmando dogmaticamente que a biometria é a marca da besta. Somente a apresento como uma possibilidade, em minha opinião, muito mais viável, prática, menos óbvia e menos intrusiva que o tão famoso biochip.

O tempo dirá se estou correto. A única certeza que devemos ter é a de que o tempo se aproxima e a terra geme na expectativa da manifestação dos filhos de Deus (Rom. 8:19).

Maranatha.

Com informações do Estadão, VejaFolha Online, UOL e ABC News.

Atualizado no dia 12 de maio de 2011.

 

© Pão & Vinho

Este texto está sob a licença de Creative Commons e pode ser republicado, parcialmente ou na íntegra, desde que o conteúdo não seja alterado e a fonte seja devidamente citada: http://paoevinho.org.

4 Comentários
  1. fabio pimentel permalink
    16 de abril de 2011 21:47

    concordo com a visão de que esta é mais uma possibilidade de implementear o propósito do anticristo, de fato esta tecnologia será melhor aceita por ser menos invasiva e mais discreta, gostei das informações, precisamos divulgar mais estas informações. a paz do Senhor.

  2. 17 de abril de 2011 22:45

    A Paz do Senhor Jesus irmão Hugo e demais irmãos!

    Bom, creio que o amado já estava prevendo que assim que eu tomasse conhecimento desta sua notícia eu iria postar aqui meu comentário.

    Sim o microchip poderá ser a famigerada marca de identificação, poderá! Mas se as traduções de Apocalipse 13 estiverem 100% corretas, a marca da besta terá ligações com uma imagem de idolatria, e não uma imagem tecnológica como um, por exemplo, super computador, pois nenhum de nós se espantaria ao ver uma máquina “falar”, mas uma estátua seria religiosamente incrível e uma oposição tremenda as igrejas evangélicas (protestantes). Se o Vaticano (religião católica) tiver parte nas profecias dos últimos dias, a marca da besta poderá ser um simples carimbo na mão direita ou na fronte. Poderá ser, por exemplo, a imagem miniaturizada da “santa Maria”.

    Segundo o evangelista Francisco, ver vídeo no link abaixo, Deus lhe teria direcionado o entendimento afirmando que sim, o microchip seria a marca da besta.

    http://www.youtube.com/user/CanalBJCV#p/u/103/W9FyaxlF1rE

    Mas não tem jeito, teremos que aguardar o tempo profetizado chegar, e se estivermos vivos saberemos qual de fato será a marca que selará a humanidade sem Cristo.

    André M. dos Santos

  3. 17 de abril de 2011 22:53

    Irmão Hugo, eu já ia me esquecendo de dizer que não, a biometria não pode ser a marca da besta, a biometria é apenas a leitura de algo que já existe em nós, e a Bíblia em Apocalipse 13 nos diz que ela será posta em nós, nos que rejeitarem a Jesus Cristo.

    André M. dos Santos

  4. 18 de abril de 2011 17:02

    Oi André,

    Acho que “colocar a marca” não implica necessariamente em implantar algo em alguém. O uso do verbo no grego (didomi) é bem mais amplo do que isso. Sugere também “mostrar” ou “fazer emergir” algo que já existe (Strong # 1325). Creio que, nesta perspectiva, “receber a marca” seria concordar em cadastrar nossas características biométricas em um sistema mundial de identificação e, assim, receber o estigma do Anticristo.

    Mas, como já disse anteriormente, procuro não sou dogmático a respeito disso. Tudo é especulação, mas isso inclui também o chip. Somente saberemos com absoluta certeza quando os tempos da profecia se cumprirem.

Comentários encerrados.